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Nematoides: definição, identificação de infestação, prejuízos causados, como controlá-los e análise

 

1. DEFINIÇÃO GERAL

Nematelmintos ou nematódeos (filo Nematoda) são vermes cilíndricos, não segmentados, que incluem várias formas de parasitas, como as lombrigas ou Ascaris e os vermes ancilóstomos, causadores do amarelão e da elefantíase.

Muitos dos nematelmintos se desenvolvem na água e no solo úmido. Além dos nematelmintos, estes tipos de vermes estão distribuídos ainda entre os anelídeos e os platelmintos.

1.1 Definição agrícola

Os nematoides parasitos de plantas, chamados genericamente de fitonematoides são vermes microscópicos e translúcidos e medem de 0,3 a 3,0 mm. Em geral, são classificados como endoparasitas, ou seja, ficam grande parte do seu ciclo de vida dentro das raízes das plantas.

Imagem 1. Ilustração do ciclo biológico do Pratylenchus (nematoide das lesões). Fonte: Agrios (2005).

 

Há também os ectoparasitas que, geralmente, ficam na parte externa da raiz. Os nematoides utilizam um estilete para se alimentar das raízes. Eles inserem esse estilete nas células para remover o conteúdo celular, impedindo a absorção de água e nutrientes pelas plantas.

Imagem 2. Ilustração do ciclo biológico do Meloidogyne (nematoide das galhas) exemplificando a vida de um nematoide endoparasita. Fonte: Torres et al. (2008).

 

2. IDENTIFICAÇÃO DE INFESTAÇÃO

Lavouras atacadas por estes fitoparasitas podem apresentar plantas menores, amareladas e com lesões no sistema radicular. Além da sintomatologia, a severidade de um ataque de nematoides pode ocasionar a morte das plantas infestadas.

Os primeiros sintomas de sua presença geralmente são percebidos na parte aérea das plantas, devido à dificuldade na absorção de água e de nutrientes. Sintomas estes que podem ser confundidos com deficiência nutricional e/ou estresse hídrico.

Imagem 3. Plantas amareladas formando reboleira característica para identificação da infestação de nematoides. Fonte: Globo Rural (2010).

 

Imagem 4. Reboleira característica da infestação de nematoides na cultura da cana-de-açúcar. Fonte: Aegro (2016).

 

Fatores climáticos podem favorecer o seu desenvolvimento, como a umidade elevada e temperaturas acima de 28ºC, caracterizando o clima brasileiro como propício ao seu desenvolvimento.

Imagem 5. Identificação de Heterodera glycines (nematoide de cisto na soja). Fonte: Rural Pecuária (2013).

 

Imagem 6. Lesões necróticas causadas por Pratylenchus zeae (nematoides das lesões radiculares) em raízes de cana-de-açúcar. Fonte: ReseachGate (2008).

 

Imagem 7. Identificação de Meloidogyne incógnita (nematoide das galhas) na cultura da soja. Fonte: EMBRAPA (2009).

 

3. PREJUÍZOS CAUSADOS

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), anualmente, o agronegócio nacional contabiliza prejuízos de R$35 bilhões, provocados pelas infestações de nematoides. Apenas na produção de soja, as perdas são estimadas em R$16,2 bilhões.

A incidência do parasita ocasiona o crescimento deficiente da lavoura, provocando até o descarte ou perda de produções, como acontece em 30% a 40% do cultivo de lavouras de cenoura, goiaba e pimenta-do-reino, por exemplo.

Para as culturas, a infestação pode levar ao menor perfilhamento, cimentação de raízes, redução da capacidade radicular de absorção de água e nutrientes, nanismo e até morte das plantas.

 

4. COMO CONTROLÁ-LOS

4.1 Limpeza adequada de maquinário

Por se tratar de organismos microscópicos com atuação limitada às raízes/solo/água, os nematoides possuem uma capacidade restrita de movimentação. E, de acordo com estudo do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), o trânsito de máquinas e implementos agrícolas, como caminhões de soja, plantadeiras e colhedeiras podem servir de “carona” para estes patógenos se hospedarem em novas áreas rurais ou se acumularem à beira de estradas.

De acordo com o IAPAR, como reflexo deste cenário, atualmente 98% dos solos do Mato Grosso apresentam evidências de nematoides em praticamente todas as culturas do estado. A severidade é ainda maior no Tocantins, onde produtores tiveram que abandonar terras que se tornaram improdutivas por conta dos elevados índices de infestação.

Imagem 8. Semeadora com solo aderido em seus componentes. Fonte: DuPont Pioneer (2017).

 

4.2 Rotação de culturas com espécies vegetais não hospedeiras

Um caminho viável para o combate destes vermes é a alternância de plantio com culturas não hospedeiras, como o caso da adubação verde. O consórcio de culturas com braquiárias, com foco na produção de matéria orgânica, aumentando outros nematoides com hábito alimentar diferente, diminui os índices de fitonematoides.

Isto ocorre devido ao aumento de bactérias de fungos que são alimentos para nematoides bacteriófagos e micrófagos e ao aumento dos onívoros-carnívoros.

Para aumentarmos a população de fungos e bactérias no solo devemos aumentar o fornecimento de carbono fotossintetizado e nitrogênio amoniacal (via fixação biológica). E o consórcio entre braquiárias e leguminosas (promotoras de crescimento de bactérias e fungos por um período longo do ano) pode ser uma ótima opção. A crotalária é uma boa alternativa para o controle de nematoides, suas raízes exercem a função de armadilha, permitindo a penetração de nematoides jovens que não conseguirão se desenvolver até a fase adulta na planta hospedada. Há ainda produção de compostos orgânicos de ação nematicida, como a monocrotalina.

Imagem 9. Lavoura rotacionada com crotalária utilizada para combate aos nematoides fitoparasitas. Fonte: Cana Online (2015).

 

Imagem 10. Culturas utilizadas como rotação com soja e seu efeito sobre as populações de fitonematoides. Fonte: Adaptado de Inomoto et al. (2008).

 

Imagem 11. Lavoura de soja afetada por Pratylenchus. Fonte: EMBRAPA (2008).

 

5. ANÁLISE DE SOLO E RAIZ

Caso seja constatada a sintomática na área, o ideal é ir à causa raiz do problema e identificar a espécie predominante para um programa eficaz. Não há como ter absoluta certeza de um problema sem a análise.

É imprescindível, para a real ilustração do cenário mediante a análise, uma correta coleta de solo e raiz. A divisão da área pode seguir o parâmetro definido por cada proprietário, contudo, a sugestão é de que a área seja dividida em quadrantes de 2 a 10 hectares, e destes quadrantes, retire uma amostra composta de cada.

O solo deve ser aberto em forma de “V”, da superfície até 25 a 30 cm de profundidade, retirando a lâmina lateral.

Imagem 12. Ilustração do método de amostragem de solo e raiz para análise de nematoides em laboratório. Fonte: Labominas (2010).

 

Para culturas anuais (soja, milho, arroz, trigo etc.) o período ideal para coleta de amostras é o florescimento, idade da cultura onde os nematoides já completaram o primeiro ciclo de vida nas raízes, ou seja, 45-50 dias após o plantio da cultura.

Para culturas perenes (cana-de-açúcar), a coleta deve ser realizada, no máximo, até o início da observação de sinais visíveis como reboleiras, sendo ideal uma análise anual para cada área visando o controle constante. O ideal é que o solo esteja com umidade natural, evitando coletas após períodos de chuva e/ou calor extremo.

 

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FONTES

  • CONAB. Acompanhamento da safra brasileira. V.4 – Safra 2016/2017 – n.12- Décimo segundo levantamento. Setembro de 2017. Acesso em 2017. Disponível em: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_09_12_10_14_36_boletim_graos_setembro_2017.pdf.
  • Dias, W.P.; Garcia, A.; Silva, J; F; V.; Carneiro, G. E. S.; Circular Técnica 76. Londrina, SP: EMBRAPA, 2010.
  • DuPont Pioneer. Manejo de Nematoides no Milho e na Soja. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/soja/central-de-informacoes/download-center/184/manejo-de-nematoides-no-milho-e-soja.
  • DuPont Pioneer. Manejo de Nematoides nas Culturas da Soja e do Milho. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/DownloadCenter/Comunicado-Tecnico-Manejo-Nematoides-Culturas-Soja-Milho.pdf.
  • DuPont Pioneer. Manejo de Nematoides em Milho Tendo em Vista a Cultura Subsequente. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/blog/89/manejo-de-nematoides-em-milho-tendo-em-vista-a-cultura-subsequente.
  • FERRAZ, L. C. C. B. As meloidoginoses da soja: passado, presente e futuro. In. SILVA, J. F. V.; MAZAFFERA, P.; CARNEIRO, R. G.; ASMUS, G. L. & FERRAZ, L. C. C. B. Relações parasito-hospedeiro nas meloidoginoses da soja. Londrina, Embrapa Soja: Sociedade de Nematologia, 2001. 127p.
  • FERRAZ, L.C.C.B.; BROWN, D.J.F.Nematologia de plantas: fundamentos e importância. Manaus: NORMA EDITORA, 2016. 251p.
  • FERRAZ, S.; FREITAS, L. G. de.; LOPES, E. A.; DIAS-ARIEIRA, C. R.; Manejo sustentável de fitonematoides. Viçosa, MG, Ed. UFV, 2010. 306 p.
  • FREITAS, L. G.; CARNEIRO, R. M. D. G. Controle biológico de nematoides por Pasteuria spp. In: MELO, I. S. de (Org). Controle Biológico. Jaguariuna, SP: EMBRAPA, 2000. p. 197-216. INOMOTO, M. M. Principais nematóides na cultura da soja e seu manejo. Piracicaba: ESALQ/USP, 2006.
  • Ribeiro, N. R.; Favoreto, L.; Miranda, D. M.; Nematoides um desafio constante. APROSMAT, 2012. Acesso em 2017. Disponível em: http://aprosmat.com.br/wp-content/uploads/2012/11/NEMATOIDES-UM-DESAFIO-CONSTANTE.pdf.
  • STIRLING, G. R. Biological Control of plant parasitic nematodes: progress, problems and perspects. Wallingford: CAB International, 1991, 282 p.