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Utilização da vinhaça no cenário da cana-de-açúcar
Também conhecida como vinhoto, tiborna ou restilo, a vinhaça representa um líquido pastoso e malcheiroso oriundo da destilação fracionada do caldo de cana-de-açúcar fermentado, visando a produção do etanol (álcool etílico). Como método comparativo, para cada litro de etanol produzido, são obtidos doze litros de vinhaça deixados como resíduo.
Anteriormente, este produto era descartado diretamente em rios e em mananciais, aumentando consideravelmente a degradação ambiental dos ecossistemas. E, com um bom conteúdo de minerais em sua composição, onde se destaca o potássio (K), nutriente fundamental no processo de fotossíntese, a vinhaça tem demonstrado seu valor como fonte de nutrientes na cultura sucroalcooleira. De acordo com especialistas da área, há incremento de, até, 10% na produtividade em áreas onde foram realizadas aplicações de vinhaça como fertilizante.
Tabela 1. Composição da vinhaça nas condições do preparo do mosto com diferentes misturas.
O constituinte principal da vinhaça é a matéria orgânica, basicamente sob a forma de ácidos orgânicos e, em menor quantidade, por cátions como o já citado potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), sendo que, conforme a tabela, sua riqueza nutricional está diretamente ligada à origem do mosto.
Estudos conduzidos por Glória e Orlando Filho (1983) enumeram alguns efeitos da vinhaça no solo:
- Elevação do pH;
- Aumento da disponibilidade de alguns íons;
- Aumento da capacidade de troca catiônica (CTC);
- Aumento da capacidade de retenção de água;
- Melhoria da estrutura física do solo;
- Agente de aumento da população e da atividade microbiana;
A matéria orgânica pode ser considerada um importante aliado na produção agrícola devido à influência exercida sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo. A partir do momento em que a matéria orgânica contida na vinhaça é incorporada ao solo, é colonizada por fungos, a transformando em húmus, neutralizando a acidez e preparando o local para proliferação bacteriana, que atuam na mineralização e imobilização do nitrogênio e na sua nitrificação, desnitrificação e fixação biológica.
Imagem 1. Aplicação de vinhaça à lanço.
Contudo, a vinhaça é caracterizada como efluente de destilarias com um alto poder poluente e alto valor fertilizante. Para isto, sua aplicação deve ser controlada, evitando danos ambientais no solo, nascentes e lençóis freáticos. Testes realizados indicam que não há impactos danosos ao solo com doses inferiores a 300 m³ por hectare, e, acima destes valores, há a possibilidade de danos ao solo ou, em casos específicos, como solos arenosos ou rasos, contaminação das águas subterrâneas.
A salinização é outro aspecto considerado como possível problema para solos fertirrigados. Conforme o estudo conduzido por De Souza (2005), usos inferiores a 400 m³ por hectare não trazem problemas de salinização ao mencionar estudos feitos em três tipos de solos, aluvial com 51% de argila, podzólico vermelho amarelo com 38% de argila e hidromórfico com 5,5% de argila.
Imagem 2. Aplicação de vinhaça localizada.
Para isto, a Secretaria do Meio Ambiente desenvolveu, junto da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) a norma técnica P4.231 que visa regulamentar a metodologia de aplicação de vinhaça, estabelecendo critérios de teores máximos para o solo, quando analisado, com áreas de descanso, avaliando possível saturação dentre as áreas aplicadas. Anualmente, as empresas que utilizam deste artifício como fonte de fertilização precisam enviar laudos técnicos analíticos à Cetesb comprovando os níveis de nutrientes presentes no solo, evidenciando a não contaminação deste e, consequentemente, de lençóis freáticos e afluentes aquíferos. E, a TechSolo – Agricultura de Precisão é especialista no que tange à NT P4.231, realizando todo o processo de processamento de mapas, disposição de pontos amostrais, coleta de solo e análise para o programa de aplicação de vinhaça (PAV) para fins de fertilidade do solo, cumprindo com todos os requisitos exigidos pelo órgão regulador.
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